Entrevista Giuliano Nader

Antes de falarmos sobre a plataforma dos 190 anos, você poderia compartilhar um pouco sobre sua trajetória? Como você chegou a fazer parte do comitê técnico dos 190 anos da Assembleia Legislativa?

R: Sou canela-verde, tenho 34 anos, advogado de formação, especialista em Direito Administrativo e atuo no setor público há mais de 10 anos. Trabalhei na Prefeitura da minha cidade, na Secretaria de Estado da Agricultura, fui subchefe e Chefe da Casa Civil do Governador Paulo Hartung. 

Em março de 2023, logo após o Presidente Marcelo Santos ter sido eleito, ele me convidou, de surpresa, para ocupar o cargo de Diretor de Relações Institucionais da Assembleia, com o objetivo de aproximar o Poder Legislativo dos diversos setores da vida capixaba: demais poderes constituídos, órgãos públicos, instituições da sociedade civil e terceiro setor. 

O presidente desejava, naquele momento, inaugurar uma nova forma de relacionamento da Casa com a sociedade capixaba e inserir a ALES na agenda das instituições. Assim fizemos: uma política de aproximação com organizações de representação, a iniciativa privada e, claro, com os poderes do estado, numa agenda permanente de diálogo. Abrimos numerosas frentes para aproximar a Casa dos diversos atores da sociedade capixaba, nacional e até internacional. O Presidente Marcelo Santos lidera pessoalmente o projeto de diplomacia ativa da Casa e a ALES tem recebido inúmeros dignitários(cônsules e embaixadores) de vários países, como Japão, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e outros tantos, no intuito de aproximar o Poder Legislativo das diversas nações com as quais o Brasil possui relações diplomáticas.

Em relação ao Comitê, foi um processo natural. À medida que a Casa foi aprimorando o que desejava em relação às comemorações dos 190 anos, foi-se chegando a conclusão de que não poderia se limitar a um ou dois servidores liderando esse projeto, mas diversos atores que possuem uma bela história com a ALES. Assim, após a análise do presidente, ele resolveu me designar como coordenador geral para que pudesse, através das relações estabelecidas ao longo do ano de 2023 na Diretoria de Relações Institucionais, viabilizar o projeto. 

O que mais motiva em trabalhar em um projeto histórico e cultural tão importante como esse? Existe algum momento particular da história da Assembleia que você considera mais marcante?

R: O Poder Legislativo é, na minha visão, o mais importante dos poderes. Aqui é que a vontade popular é, soberanamente, exercida. O maior exemplo disso foi a criação das Assembleias Provinciais por meio do Ato Adicional de 1834. A cidadania só começou a existir nesse momento. Ampliou o direito de o cidadão opinar, ditar os rumos, mudar o curso de alguma coisa. O voto popular no Poder Legislativo é reverberado até os dias de hoje, através da representação dos deputados que estão, permanentemente, junto às bases, ouvindo as demandas da população e dando voz à cidadania.

Desta forma, penso que um projeto dessa envergadura, deseja ser um momento de contar para a

Um momento particular da história da ALES que julgo marcante foi a participação da Assembleia na virada de página iniciada em 2003 com o então presidente Cláudio Vereza, entre outros deputados como o Presidente Marcelo Santos, então em seu primeiro mandato, com a aprovação de leis que garantiram o Espírito Santo reencontrar o seu rumo. 

Sobre a plataforma dos 190 anos, como está sendo o processo de planejamento e estruturação da programação? Quais serão os principais desafios enfrentados pelo comitê técnico?

R: Temos uma programação intensa para esse ano de comemorações. Esse ano comemorativo se iniciou em agosto de 2024 e vai até agosto de 2025. A programação é dividida em três eixos temáticos: conteúdo histórico e cultural, educativo e acadêmico e engajamento e participação, ou seja, projetos culturais, eventos esportivos, a Assembleia Itinerante, que deve percorrer diversos municípios do estado. 

Ela ainda é colaborativa, ou seja, todo mundo que quiser sugerir uma programação, pode submeter sua proposta no site e o comitê técnico, que funciona como espécie de conselho curador, vai decidir sobre essa sugestão. O principal desafio do Comitê, então, será transformar essa proposta em atividade efetivamente.

A plataforma dos 190 anos busca equilibrar história e modernidade. Como o comitê busca trazer essa combinação para o público de maneira acessível e envolvente?

R: Os diversos integrantes do comitê são a prova de que é necessário equilibrar essas duas coisas. Temos ex-presidente da Casa, servidores aposentados, membros da sociedade civil, servidores do corpo efetivo da ALES e também comissionados. Cada um poderá dar a sua contribuição no comitê, de acordo com suas histórias de vida e área de atuação. É um comitê heterogêneo em sua composição, o que garante a pluralidade de ideias e visões na sua condução.

Quais serão as estratégias utilizadas para garantir que as ações culturais e educativas alcancem uma ampla parcela da população, inclusive para além da capital?

R: O Presidente Marcelo Santos tem o desejo de levar para o interior as ações da ALES. Ele determinou que a Casa desenvolvesse uma agenda no interior, que foi chamado de ALES Itinerante. Com esse programa, a Casa não só vai tratar dos 190 anos, mas também oferecerá os programas de cidadania que temos no Assembleis Cidadã. Assim, a ideia é que tudo que é feito pelo plenário, comissões, o dia a dia da Casa, seja levado para o interior, junto com uma programação extensa de atividades educativas relativas ao Poder Legislativo Capixaba e, igualmente, ações de cidadania. 

A digitalização do acervo histórico é uma das iniciativas do projeto. Você pode nos contar mais sobre esse processo e sua importância para a memória e o acesso público?

R: A digitalização do acervo é uma iniciativa fundamental para preservar a memória institucional e garantir o acesso público a documentos históricos que são de grande relevância para a sociedade capixaba. O processo de digitalização envolve várias etapas meticulosas para assegurar a integridade e a qualidade dos documentos. Primeiramente, realizamos um levantamento detalhado dos documentos que compõem o acervo histórico, selecionando-os com base na relevância histórica, legal e cultural. 

A digitalização do acervo histórico da ALES traz inúmeros benefícios. Em termos de preservação, ajuda a proteger documentos físicos que estão sujeitos a deterioração ao longo do tempo, garantindo que essas informações valiosas sejam mantidas para as futuras gerações. No que diz respeito ao acesso público, a disponibilização online dos documentos digitalizados permite que pesquisadores, estudantes e o público em geral tenham acesso fácil e rápido a informações históricas. Além disso, a digitalização contribui para a transparência das atividades legislativas, permitindo que a população acompanhe a história e as ações da ALES

A digitalização do acervo histórico da ALES é um passo significativo para a modernização e a democratização do acesso à informação. Esse projeto não só preserva a memória institucional, mas também fortalece o vínculo entre a Assembleia Legislativa e a sociedade, promovendo a transparência e o conhecimento histórico. Estamos comprometidos em continuar avançando com essa iniciativa, garantindo que a rica história legislativa do Espírito Santo esteja sempre ao alcance de todos.

De que forma o comitê técnico trabalhou em conjunto com outras instituições, como a UFES, fortalece a relevância da plataforma dos 190 anos?

R:  A colaboração entre o comitê técnico da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo (ALES) e outras instituições, como a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é um exemplo claro de como parcerias estratégicas podem fortalecer a relevância e o impacto de projetos institucionais, como a plataforma dos 190 anos. Essa cooperação interinstitucional é fundamental para garantir a qualidade, a abrangência e a credibilidade das iniciativas desenvolvidas.

O comitê técnico da ALES, ao trabalhar em conjunto com a UFES, beneficia-se daexpertise acadêmica que a universidade oferece. A UFES, com seu corpo docente altamente qualificado, contribui significativamente para a curadoria e a análise dos documentos históricos, assegurando que o conteúdo disponibilizado na plataforma seja preciso e bem contextualizado. Essa sinergia entre a ALES e a UFES não só enriquece o projeto, mas também amplia seu alcance e sua aceitação pública.

A relevância da plataforma dos 190 anos é amplificada por essa colaboração, pois ela se torna um produto de um esforço coletivo que envolve múltiplas perspectivas e áreas de expertise. A participação da UFES confere ao projeto um selo de qualidade acadêmica, o que aumenta sua credibilidade e atratividade para pesquisadores, estudantes e o público em geral. Além disso, a parceria demonstra o compromisso da ALES em trabalhar de forma integrada com outras instituições, reforçando sua imagem como uma entidade aberta ao diálogo e à cooperação.

Por fim, qual legado você espera que as atividades e os eventos dos 190 anos deixem para a Assembleia Legislativa e para as futuras gerações de capixabas?

R: O legado que esperamos deixar com as atividades e eventos comemorativos dos 190 anos da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo (ALES) é multifacetado e profundamente significativo, tanto para a própria instituição quanto para as futuras gerações de capixabas. Em primeiro lugar, desejamos que essas celebrações reforcem a importância histórica e o papel fundamental da ALES na construção e no desenvolvimento do nosso estado. Ao revisitar e valorizar nossa trajetória, estamos não apenas preservando a memória institucional, mas também destacando as conquistas e os desafios superados ao longo dos anos.

Para a ALES, o principal legado será o fortalecimento da identidade institucional e a reafirmação de seu compromisso com a transparência, a democracia e a participação cidadã. As atividades e eventos dos 190 anos servem como uma oportunidade para refletir sobre nossa missão e nossos valores, promovendo um ambiente de constante aprimoramento e inovação. Esperamos que essa celebração inspire os servidores e parlamentares a continuarem trabalhando com dedicação e ética, sempre em prol do bem-estar da população capixaba.

Para as futuras gerações de capixabas, o legado será o acesso facilitado a um vasto acervo histórico e cultural, que estará disponível de forma digital e acessível. Através da digitalização de documentos, exposições, seminários e outras atividades educativas, estamos criando um recurso valioso para estudantes, pesquisadores e cidadãos interessados em conhecer mais sobre a história legislativa do Espírito Santo. Esse legado educativo é crucial para formar cidadãos mais conscientes e engajados, que compreendem a importância do poder legislativo e sua influência na sociedade.

Além disso, as parcerias estabelecidas durante esses eventos, como a colaboração com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e outras instituições, deixam um legado de cooperação e intercâmbio de conhecimentos. Essas relações institucionais fortalecidas são fundamentais para a continuidade de projetos futuros e para a promoção de iniciativas que beneficiem toda a sociedade.

Por fim, esperamos que as celebrações dos 190 anos promovam a cultura e a identidade capixaba, valorizando nossas tradições e destacando a diversidade e a riqueza cultural do nosso estado. Ao envolver a comunidade em eventos culturais e educativos, estamos contribuindo para a construção de um sentimento de pertencimento e orgulho entre os capixabas.

Desta forma, o legado que almejamos deixar com as comemorações dos 190 anos da ALES é um legado de preservação histórica, fortalecimento institucional, educação cidadã e promoção cultural. Queremos que essas atividades e eventos sejam lembrados como um marco na história da Assembleia Legislativa, que inspirou e preparou as futuras gerações para continuar construindo um Espírito Santo mais justo, democrático e próspero.